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Arquitetura da lata: Matosinhos e a história atlântica da arquitetura das sardinhas

Article by Diego Inglez de Souza and André Tavares published in Portuguese in Revista Pós (São Paulo, Brazil)

Article by Diego Inglez de Souza and André Tavares

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Arquitetura da lata: Matosinhos e a história atlântica da arquitetura das sardinhas

Diego Inglez de Souza and André Tavares

O estudo das relações entre a pesca e a arquitetura pode revelar novas perspectivas para a compreensão das dinâmicas entre a costa e o mar, além de contribuir para a formulação de estratégias para a organização dos territórios litorâneos, afetados diretamente pelas mudanças climáticas e pela crise ambiental. Este artigo procura compreender a história urbana recente de Matosinhos a partir da pesca, vetor fundamental da urbanização desta cidade portuária do Norte de Portugal, principalmente através da produção de conservas da sardinha. A produção intensiva deste alimento industrializado revela aspectos culturais que deram origem a mitos e tradições, econômica e politicamente explorados, além de apontar para uma geografia Atlântica para dar conta dos fluxos e circulações característicos da produção e do consumo das conservas de peixe. Ao analisar as transformações desta atividade de maneira integrada entre diversos campos do conhecimento, procuramos estabelecer relações entre os aspectos ecológicos característicos da exploração de um recurso natural específico e seus impactos no ambiente construído.

Introdução

Ao articular coordenadas da história econômica e política com a biologia marinha, neste artigo procuramos compreender as relações diretas entre pesca e arquitetura através do estudo das transformações que afetaram dimensão espacial da atividade e suas expressões arquitetônicas em um ponto específico da costa norte de Portugal ao longo do século XX.

Esta análise concentra-se na cidade de Matosinhos, numa posição da costa onde, no mar, o upwelling – afloramento de nutrientes decorrente das interações entre ventos e correntes marítimas –, proporciona um ambiente favorável para a existência e a pesca de peixes pelágicos como as sardinhas. A partir do final do século XIX, a concentração das indústrias conserveiras em torno do porto de Leixões impôs-se como um fator fundamental da transformação da paisagem naquele ponto da costa. Se as características da urbanização planejada na virada do século XX forneceram o suporte para a instalação de um parque industrial moderno em Matosinhos, o florescimento desta atividade ali a partir do entreguerras dificilmente pode ser compreendido sem ter em conta fatores naturais – biológicos e geomorfológicos –, tanto quanto a situação econômica e política que caracterizou o período.

Tendo em mente este contexto, a leitura da arquitetura das fábricas de conservas revela uma das expressões evidentes das relações entre a pesca como exploração de um recurso natural em condições geográficas específicas, que dá origem a uma transformação concreta na paisagem e no ambiente construído através da arquitetura. As transformações que forçaram a reestruturação e a concentração desta atividade durante o ocaso do Estado Novo (1933-1974) deixaram um significativo vazio em Matosinhos Sul, entretanto ocupado pelo mercado imobiliário em expansão. Em paralelo, o passado da indústria conserveira também ajudou a criar poderosos mitos acerca das histórias das conservas e das pescas na cidade e no país.

O lugar de Portugal na história atlântica das conservas de sardinha

O estudo das relações entre a pesca de sardinhas, a indústria das conservas, a arquitetura e o urbanismo revela múltiplas conexões entre portos, cidades e fábricas situados em diversos pontos do Atlântico, aqui entendido como conceito organizador, como propõe Bernard Bailyn (2005). Ao observar cuidadosamente uma simples lata de conserva, uma fábrica ou uma parte de um porto piscatório como Matosinhos, uma ampla rede de práticas construtivas e arranjos espaciais tornam-se evidentes.

Através das relações entre arquitetura e pesca desenvolvidas no âmbito do grupo de pesquisas Fishing Architecture, procuramos compreender a paisagem e as transformações próprias das cidades portuárias e litorâneas em sintonia com o que se passa no mar e que tornam possíveis as atividades de exploração dos recursos naturais marinhos, vetor fundamental de constituição destes territórios. Trata-se de perceber as dinâmicas próprias do encontro entre o Atlântico e sua costa de maneira integrada, buscando relacionar as características do ambiente natural, da hidrografia ou do comportamento biológico das espécies marinhas às expressões culturais e arquitetônicas da organização do espaço em função da exploração dos seus recursos naturais, para compreender os fenômenos de urbanização e transformação da paisagem ao longo da linha da costa. Através de uma leitura alargada das possíveis relações entre arquitetura e a pesca, procuramos representar e compreender as expressões espaciais, ambientais e culturais ligadas à sua história e ao primeiro alimento industrializado: as conservas de peixe (Brioist e Fichou, 2012). Para apreender a complexidade de um objeto específico – a pesca e a conserva das sardinhas – que vem sendo estudado em campos disciplinares diversos, o ambiente construído pode representar uma base comum para perceber as dimensões sociais, naturais, industriais e urbanas de uma importante atividade de exploração de recursos marinhos ao longo das décadas.

A transformação das técnicas de pesca intensificada pela industrialização é atravessada por tradições enraizadas, seja nas práticas dos pescadores ou nos hábitos dos consumidores, além das regulamentações que buscam estabelecer um ponto de equilíbrio entre expectativas do setor econômico e limites ecológicos. A história da indústria da pesca é marcada por significativas transformações tecnológicas, sobretudo a partir da Revolução Industrial. A introdução de fibras sintéticas para tecer redes maiores e mais resistentes, os motores a vapor e de explosão que permitiram aos barcos ir à pesca mais longe e mais rapidamente, arrastando redes mais pesadas e passando mais tempo no mar e os dispositivos eletrônicos de detecção e análise de cardumes, além da refrigeração e do congelamento, transformaram a distribuição espacial da pesca ao longo dos dois últimos séculos. Na década de 1970, as capturas de peixes de algumas espécies como a sardinha alcançaram seu auge, desequilibrando as cadeias tróficas e os sistemas ecológicos. As quotas de pesca, hoje discutidas e atribuídas anualmente por organismos internacionais, representam um campo de disputas entre cientistas, políticos, pescadores, conserveiros e armadores. A partir da noção abstrata de biomassa, as cotas procuram determinar a quantidade de peixe a ser capturado durante uma temporada que garanta um rendimento sustentável máximo dos estoques de cada uma das espécies de maior valor comercial, por vezes ignorando as implicações das cadeias tróficas, ou seja, as relações entre as diferentes espécies, dando origem a desequilíbrios ecológicos. Quais são as características e dimensões dos impactos destes processos nas cidades e na arquitetura? Para compreender as dinâmicas de urbanização e a história das cidades portuárias e costeiras, importa considerar e compreender inicialmente as transformações que acontecem no mar, tanto do ponto de vista biológico quanto das mudanças nas técnicas e na escala das pescas.

Tomando a história de Matosinhos como exemplo, fica evidente o papel da indústria da pesca na transformação de uma antiga vila de marinheiros em um polo de importância fundamental para a constituição da região metropolitana do Porto. Ao longo do século XX, a indústria portuguesa de conservas de peixe (sobretudo de sardinhas) migrou para o Norte, concentrando-se em torno do Porto de Leixões, construído inicialmente para servir como porto de abrigo no último quartel do século XIX e evitar os frequentes naufrágios das embarcações que demandavam a barra do Rio Douro. Este processo revela e reflete a história da industrialização portuguesa, bem como da emergência da intensa e decisiva intervenção estatal na economia. Convém salientar que as pescas – da sardinha mas também do bacalhau – tiveram um papel central na construção das narrativas patrióticas e corporativas que marcaram a ditadura do Estado Novo.

Através da leitura integrada de uma atividade específica como a história das conservas em Portugal, podemos compreender coordenadas mais gerais da história econômica e cultural do país, cujos limites não correspondem às suas fronteiras territoriais. Várias relações foram estabelecidas através da circulação de técnicas de pesca e de conserva vindas da Espanha, da Itália e da França, assim como de pessoas, produtos e capitais. Também o fato das conservas portuguesas terem sido majoritariamente destinadas para a exportação ao longo de toda sua história aponta para horizontes mais largos do que as fronteiras nacionais para dar conta de compreender esta atividade. A predominância de mercados cativos e de novas relações comerciais ao longo dos anos são visíveis nas estatísticas de exportação, revelando trocas estáveis e ocasionais entre Portugal e outros países. A história atlântica proposta no pós-guerra (Godechot, 1947) e mobilizada mais recentemente para dar conta de compreender o fenômeno da escravidão (Bailyn, 2005) pode ser uma perspectiva adequada para compreender a história daquele que foi considerado o primeiro alimento industrial. Como sugere o geógrafo Orlando Ribeiro (1911-1997), a história de uma cidade portuária não se restringe ao espaço físico que corresponde aos seus limites administrativos ou à sua paisagem imediata:

São estas cidades-portos, bem enlaçadas sempre ao quadro natural, que, sem quebrarem o localismo de uma terra de rurais, anunciam, pela intensa vida do mar, não só a pesca e a navegação de cabotagem mas as relações distantes com outros continentes, outras gentes, outros produtos, a eles ligadas e deles separadas por um grande oceano que os seus naturais, antes de ninguém, aprenderam a percorrer. (Ribeiro, 1945, p. 147-148)

O viés conservador da política portuguesa durante o Estado Novo retardou a revolução do congelamento que transformou as práticas de processamento e distribuição do pescado durante o pós-guerra nos países da Europa setentrional. A introdução da refrigeração artificial em Portugal procurou reverter os efeitos sazonais das pescas antes de transformar os hábitos de consumo. Até então, o desafio das conserveiras era colocar o peixe na lata o quanto antes para preservar suas qualidades nutricionais e sabor. As fábricas situavam-se nas imediações dos portos de pesca e praias de desembarque, abreviando a distância entre o mar e a lata. Mais tarde, no final do século XX, através de fundos e investimentos europeus (em fábricas, barcos e caminhões) foi possível às conserveiras liberar os agora valorizados terrenos próximos à costa e instalar-se em zonas industriais periféricas (mas mais bem servidas de infraestruturas rodoviárias e acessos a portos e aeroportos), recapitalizando as empresas remanescentes através do mercado imobiliário.

As dinâmicas da economia conduziram à concentração geográfica e societária, uma vez que um número progressivamente menor de indústrias gradualmente passou a produzir mais latas. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) as cerca de cinquenta fábricas estabelecidas nas proximidades do Porto de Leixões produziam mais conservas do que as mais de duzentas conserveiras portuguesas, a maior parte delas precariamente instaladas em Setúbal e no Algarve, tinham produzido durante a Grande Guerra (1914-1918). Estas economias de guerra beneficiaram da conveniente posição de neutralidade assumida por Portugal, o que permitia ao setor conserveiro alimentar os dois lados do conflito. Hoje, as quatro conserveiras instaladas no concelho de Matosinhos podem produzir ainda mais do que suas antecessoras, valendo-se de métodos mais eficientes e de uma rede logística consolidada, que torna possível o uso de matéria prima importada e congelada, contornando assim a imprevisibilidade e a sazonalidade que outrora marcaram a atividade da pesca (Pinho, 2019).

Evidentemente, padrões urbanos distintos correspondem a diferentes fases deste processo de concentração. Ao analisar a história de algumas destas fábricas que lograram resistir às várias crises que levaram à falência boa parte das empresas do setor, podemos perceber as relações orgânicas entre as empresas e o Estado, além dos impactos de determinadas decisões estratégicas, seja por parte das empresas ou por parte dos governos.

Sebastião Ramires (1898-1972), sucessor do fundador da Ramirez, a mais antiga conserveira em atividade, soube se valer de conexões próximas com o regime do Estado Novo para estimular o setor, ocupando inclusive o posto de Ministro do Comércio e Indústria durante os primeiros anos do Estado Novo. Fundada em 1853 no Algarve, a Ramirez instalou-se em Matosinhos no entreguerras, mudança que correspondeu a uma transformação também das lógicas produtivas, tanto dentro da fábrica quanto na incorporação das atividades de pesca pelo grupo empresarial, que passou a investir seus capitais em traineiras a vapor, aumentando a produtividade e a escala da pesca (SOARES, 2011). A história da Ramirez é um exemplo das estratégias para manter e modernizar um negócio familiar ao longo de 150 anos, mas também ilustra a proximidade entre o setor conserveiro e das pescas com o Estado corporativo português.

Se a história política e econômica podem explicar uma parte do fenômeno de concentração espacial das fábricas de conservas, a biologia e a ecologia ajudam a perceber as relações entre dinâmicas naturais e intervenções antrópicas que se materializam no ambiente construído. Estes fenômenos entrelaçados evidenciam a necessidade de repensar as relações entre as cidades costeiras e a ecologia marinha. A produção de conservas no Norte de Portugal conduziu a um impacto na população de sardinhas, com efeitos igualmente evidentes nas populações humanas que se aglomeraram em torno dos portos e das fábricas, como sublinha a economista Maria Eugénia Mata:

As fisheries and canning were labour-intensive sectors, seaports were nests of marine and industrial jobs that supported local commerce, exports, consumption, standards of life, and intensive urban growth phenomena. Major threats to fisheries were also major economic threats to local urban activities. At the same time, business prosperity and growth were perverse to ecosystem destruction, and were severe threats to marine-life. (Mata, 2010, p. 352)

A qualidade da sardinha capturada ao longo da costa atlântica levou à sua intensiva exploração, ameaçando um recurso natural que alavancou um setor fundamental da economia portuguesa. O ecologista francês Didier Gascuel (2019) demonstra que na indústria da pesca, as leis da economia não se aplicam como no capitalismo industrial. Investimentos em barcos e equipamentos levam ao aumento da pressão de pesca e conduzem a uma baixa produtividade, uma vez que o recurso tem limites e precisa de tempo para se recompor. Este ciclo leva ao desequilíbrio do sistema ecológico que envolve os peixes e os pescadores, que acabam por ser ao mesmo tempo agentes e vítimas da sobrepesca. Existe um limite difícil de se estabelecer para as capturas, além do qual colapsam os estoques de peixes, levando também ao colapso das dinâmicas econômicas e urbanas que alimentaram o crescimento do setor das pescas e das conservas. Mata descreve o círculo vicioso que envolve as pescas, a indústria das conservas e os impactos no ambiente:

As the size of fish stocks is jointly determined by oceanographic biology and management decisions for production levels in the fishing and canning industries, technological improvements impacted the rate of depletion of ocean resources. The species of fish particularly desirable for canning were overfished in some periods, threatening the ecosystems in a variety of ways, including depletion and pollution (land, air and sea), and giving origin to business crises in the sector. Technological improvements stimulated economic links, particularly to the shipbuilding industry, and entrepreneurs’ pursuit of profits put ecosystems under great stress, as booms and contractions were extended from the fishmeal industry to shipyards. (Mata, 2010, p. 368)

No caso de Matosinhos, a migração politicamente induzida das indústrias conserveiras na direção Norte teve um impacto substancial nas populações de sardinhas. Muitas indústrias faliram por conta das mudanças tecnológicas e econômicas associadas à diminuição do volume capturado, devido à sobrepesca e à redução drástica dos incentivos estatais ao setor que acompanharam a queda do salazarismo. Contudo, algumas indústrias resistiram, redirecionando seus esforços para setores específicos do mercado ou recorrendo à importação de matéria-prima de baixo custo de portos africanos e ao peixe congelado, mantendo ativas as cadeias de produção e distribuição ao longo de todo o ano. Paradoxalmente, ao contrário da indústria das conservas, a economia das pescas continua a declinar, mantendo altos os impactos nos ecossistemas marinhos. Tal contradição se explica a partir do aumento da pressão da pesca seletiva, ou seja, direcionada à captura de espécies de maior valor comercial decorrente do desenvolvimento tecnológico, que faz com que sejam necessários menos pescadores a bordo para capturar a quantidade de peixe fixada pelas quotas impostas pelos organismos internacionais. A concorrência internacional ajudou a manter baixos os preços do pescado, contribuindo para a minar a rentabilidade do setor e dar alguma razão às constantes reclamações de pescadores e armadores.

As fábricas de conservas: expressão das relações entre pesca e arquitetura

Uma relação direta entre arquitetura e pesca de sardinhas pode ser observada através de uma leitura tipológica das fábricas de conservas ao longo das décadas, como propõem autores como Miranda (2004) e Fernandes (2013). Na virada do século XIX para o XX, as conserveiras foram instaladas em galpões improvisados organizados em torno de um pátio. Respondendo à necessidade de encurtar o caminho do peixe do mar até a lata, as fábricas situavam-se na proximidade das praias, onde se desenvolvia a atividade piscatória, mas também conectadas a infraestruturas como ferrovias e portos, para agilizar a logística de exportação. O pragmatismo industrial só deixava espaço para a arquitetura como forma de ornamentação eclética para destacar o espaço dos escritórios ou valorizar o brasão da marca. Alimentadas a vapor, estas primeiras fábricas foram um vetor de uma primeira onda de urbanização não-planejada, ao atrair para o seu entorno bairros de habitação improvisada de operários e pescadores. Este processo foi frequentemente acompanhado de desastres como incêndios ou alagamentos, dando então lugar a uma organização planejada destes territórios de habitação popular. Ao contrário do que se poderia imaginar, na costa portuguesa a moderna indústria das conservas desenvolveu-se simultaneamente à emergência do turismo balnear, gerando por vezes conflitos entre estas atividades e segregação das populações a elas associadas ao longo da costa.

Em Espinho, a trajetória vertiginosa da Brandão Gomes é um exemplo eloquente destes processos de urbanização. A companhia expandiu progressivamente sua produção, abrindo filiais ao longo da costa em São Jacinto, nas proximidades de Aveiro, em Matosinhos e em Setúbal para garantir um volume de capturas capaz de atender à crescente demanda internacional por seus produtos. A expressão arquitetônica destas unidades, que conjuga torreões neo-manuelinos ao agrupamento de galpões mais genéricos, parece ser coerente com o uso da publicidade para valorizar as qualidades do seu produto principal: as sardinhas de Espinho e as virtudes da fábrica. Técnicas rudimentares de pesca como a arte xávega, praticada entre Espinho e Buarcos, impunham limites logo superados pela capacidade produtiva da fábrica. Nesta modalidade de pesca, característica da costa arenosa do centro de Portugal, barcos a remo enfrentam as ondas para lançar a rede, que é recolhida a partir da praia por uma junta de bois, posteriormente substituída por tratores. Na arte xávega, sobretudo quando os barcos eram movidos a remo, uma tripulação numerosa corresponde a um volume de captura relativamente baixo. Estas limitações evidenciam as fragilidades do capitalismo português e das tecnologias empregadas, mas também revelam as contradições entre a racionalidade industrial e os limites dos recursos naturais locais essenciais para a elaboração dos seus produtos. A ecologia dos cardumes de peixes, capturados através de métodos rudimentares, era de difícil conciliação com os métodos de produção pré-tayloristas que caracterizavam o setor.

A passagem de Espinho a Matosinhos corresponde também a um aumento significativo na escala da pesca das sardinhas decorrente da mudança de técnica de pesca, que por sua vez responde às possibilidades distintas do meio natural (Amorim, 2002). Se na costa arenosa que vai da Foz do Mondego à Foz do Douro as redes são arrastadas para a praia através da arte xávega, a costa predominantemente rochosa de Matosinhos ofereceu condições de abrigar barcos maiores, inicialmente a vapor e depois a diesel – as traineiras, que se valiam da arte do cerco para bordo capturando quantidades maiores de peixe de melhor qualidade. Assim, a mudança geográfica das atividades de pesca decorre tanto do aparecimento de novas técnicas de pesca quanto das características geomorfológicas do meio no qual se desenvolveu, atraindo tanto pescadores e operários quanto industriais e seus respectivos capitais. Em Matosinhos, como a prática da arte xávega não era usual, em razão do fundo rochoso, a atividade da pesca era pouco relevante até as primeiras décadas do século XX. Já Espinho e Furadouro, onde predominava a arte xávega (Baldaque da Silva, 1891), deixaram progressivamente de ter relevância a partir da introdução das traineiras, que dependiam de um porto para acolher os barcos e descarregar o peixe – o que fez de Matosinhos um centro piscatório fundamental para a economia portuguesa durante o Estado Novo.

Para além desta mudança tecnológica significativa, existiam em Matosinhos infraestruturas, como o Porto de Leixões e a ferrovia, que precederam o planejamento urbano que serviu de suporte para o desenvolvimento de uma verdadeira «civilização da sardinha» (Boulard, 2003).

Matosinhos: modernização das unidades de produção e da arquitetura

Depois do crescimento exponencial de fábricas improvisadas em Setúbal e no Algarve alimentado pelas demandas da Grande Guerra, um novo tipo de fábrica de conservas começou a surgir no entorno do Porto de Leixões. Imagens das fábricas do Sul e do Norte que integram diversos acervos de fotógrafos portugueses, evidenciam os contrastes entre tipos de conserveiras em lugares e momentos distintos. Galpões improvisados foram progressivamente dando lugar a edifícios industriais, racionalmente planejados com pés-direitos altos, grandes vãos, iluminação e ventilação naturais, capazes de abrigar linhas de produção organizadas de acordo com as etapas de processamento do pescado. A constituição de Matosinhos Sul como polo industrial dedicado às conservas de peixe coincidiu com um momento de afirmação da modernidade produtiva e arquitetônica como elemento fundamental nos espaços fabris. As agitações sociais e políticas características dos anos 1920, frequentemente culminando em greves e conflitos entre patrões e operários, também contribuíram para que Setúbal fosse descartada como local privilegiado para receber a concentração das conserveiras, estimulada pelas políticas de condicionamento industrial características do Estado Novo e testadas pioneiramente no setor das pescas e conservas.

A indústria das conservas seria das primeiras a ser submetida à «cartelização pública»: um processo de substituição de acordos entre empresas pela função do Estado, com uma retórica legitimante de reacção à descoordenação da economia internacional e o apelo à formação de uma «cooperativa de industriais». A nomeação do industrial conselheiro Sebastião Ramires para Ministro do Comércio, Agricultura e Indústria do primeiro governo de Salazar seria a consumação de uma convergência entre interesses privados e a nova solução autoritária «corporativa». (Henriques, 2016, p. 155)

A progressiva concentração das indústrias de conservas em Matosinhos coincide com a mobilização dos arquitetos como estratégia para aperfeiçoar a organização das unidades de produção. Em 1948, por ocasião do 1° Congresso Nacional de Arquitectura, Arménio Losa (1908-1988) apresenta a tese A arquitectura e as novas fábricas, na qual fica clara a disposição da classe profissional em participar desta nova fase da industrialização portuguesa, sintonizada com uma política nacional de ordenamento do território.

O apetrechamento técnico e industrial impõem a profunda e consciente análise de todo o território para a melhor arrumação das indústrias, e das populações que fará deslocar ou concentrar. Impõem que se explorem as riquezas do País, se aproveitem todos os recursos naturais. Os planos nacionais e, logo após, os planos regionais, precederão os planos de urbanização (ou desurbanização) das cidades e dos aglomerados urbanos e rurais. (Losa in Sindicato Nacional dos Arquitectos, 1948, p. 127)

Mais tarde, nos anos 1960, Losa será convocado para elaborar um plano de expansão da mancha urbanizada de Matosinhos, expandindo os limites da cidade para além da área compreendida pelo plano elaborado em 1944 por David Moreira da Silva e Maria José Marques da Silva Martins. A arquitetura moderna era alardeada por Losa e pelos arquitetos reunidos no Congresso como antídoto para reverter as precariedades estruturais do país e melhorar tanto a imagem dos edifícios industriais quanto as condições de trabalho:

Na edificação da fábrica tem sido sistematicamente dispensada a colaboração da Arquitectura. Os resultados estão patentes: as instalações industriais são, de um modo geral, edifícios negros e sujos, insuportáveis por dentro e por fora, nódoas na paisagem ou no panorama das cidades, locais onde o trabalho é, ou tortura, ou desmoralização. (Losa in Sindicato Nacional dos Arquitectos, 1948, p. 129 )

Num artigo publicado em 1946 na revista do organismo corporativo dedicado às conservas de peixe, os arquitetos do gabinete ARS, responsáveis por diversos projetos em Matosinhos, propõem um modelo de «fábrica de conservas moderna» como ferramenta para aumentar a produção.

Grande parte das actuais Fábricas de Conservas ainda é caracterizada por uma certa desordem perturbadora na sucessão natural das diferentes fases da produção. A disposição desastrada dos edifícios e dos acessos interrompendo a continuidade das operações, só serve de pretexto a incontroláveis passeios do pessoal e a longos percursos sem vigilância na circulação das matérias primas e dos produtos, diminuindo o rendimento dos maquinismos e aumentando a fadiga dos operários. (ARS Arquitectos, 1946, p. 14-15)

O espaço destas fábricas de conservas modernas seria organizado em volumes compactos articulados em função das dinâmicas de produção: peixe fresco vindo dos barcos seria descarregado em uma doca, latas de sardinha embaladas eram despachadas em outra; os funcionários qualificados (em sua maioria homens) acessavam os escritórios pela entrada principal, enquanto as operárias (sempre mulheres) entravam nos espaços de produção através de um portão. A introdução de máquinas e arranjos produtivos especialmente pensados para as fábricas de conserva também acabaram por transformar a configuração espacial das fábricas. Com a introdução do sistema Massó, desenvolvido por industriais galegos nos anos 1940, canais com água corrente criavam uma linha de montagem líquida, lavando o peixe, conduzindo as vísceras e evitando deslocamentos das trabalhadoras entre os setores de produção. O emprego de fornos contínuos, ajustando o tempo de cozimento ao tamanho do peixe em função da velocidade das esteiras, também ajudou a aperfeiçoar a qualidade do produto final e o rendimento das conserveiras.

Hoje, quatro fábricas de conserva continuam a produzir em Matosinhos. A Pinhais e a Portugal Norte continuam a operar em Matosinhos Sul em instalações características do auge da civilização da sardinha na cidade, valendo-se de métodos tradicionais como estratégia para atingir o mercado gourmet. A La Gondola, fundada por italianos nos anos 1940 em Matosinhos Sul, continua a produzir em um galpão industrial genérico em Perafita, para onde a companhia se transferiu nos anos 1980, ainda nas imediações do Porto de Leixões. A Ramirez, hoje líder do mercado, deixou recentemente Perafita e mudou-se para um edifício recém construído em Lavra, próximo ao aeroporto internacional. A Ramirez investiu em arquitetura como um elemento de marketing, e contratou a firma Mofase Arquitectura e Engenharia para projetar e construir um edifício simbólico. A entrada ostenta um painel publicitário que promove o legado histórico da empresa – «Ramirez 1853». A forma do edifício revestido com chapas de alumínio corrugado evoca uma pilha de latas de conserva gigantes. O resultado é uma contradição constrangedora entre pato e galpão decorado, para usar os termos de Venturi, Scott Brown e Izenour em Aprendendo com Las Vegas (1972).

Valendo-se de uma outra estratégia para resistir e seguir produzindo, a Pinhais procura manter métodos tradicionais – reflexo de uma postura cética por parte dos seus administradores em relação à modernização dos processos produtivos e temerosa dos impactos dos investimentos associados que ajudaram a comprometer a viabilidade da concorrência. Hoje, esta postura conservadora serve como capital simbólico para valorizar seus produtos e manter cativos determinados segmentos do mercado. Fundada nos anos 1920 em Matosinhos, a partir de uma conjunção entre pescadores oriundos de Espinho, um industrial do Sul e um mestre conserveiro galego, a Pinhais representa a resistência tanto à possibilidade de expansão do negócio quanto à desindustrialização que atingiu o setor, e continua instalada em Matosinhos Sul, hoje cercada de edifícios de apartamentos construídos nos terrenos que eram ocupados pela concorrência.

A história urbana de Matosinhos pode sugerir novas perspectivas sobre a história da arquitetura portuguesa. Durante o ocaso do Estado Novo, as fábricas de conservas perderam o apoio do Estado, e muitas delas não sobreviveram ao processo de modernização que transformou Portugal nas últimas décadas do século XX, dando lugar a ruínas, vazios e memórias. A historiadora Maria do Carmo Serén chama a atenção para a condição dos pescadores locais durante as décadas do auge da produção de conservas no concelho para compreender o surgimento de um poderoso mito:

Matosinhos orgulha-se da sua terra que foi, num período próximo e brilhante, terra de pescadores. Mas os pescadores, diminuídos por um sistema económico que controlava os preços, mantendo-os baixos, foram dos grupos sociais mais explorados. Estão na origem dos oligopólios que lançaram as famílias de conselheiros na sociedade do tempo, acabando por atribuir-se outras actividades. E a miséria que por muitas vezes grassava nas famílias, que levava as suas mulheres e filhas ao trabalho das conserveiras era o outro lado e a forte razão do mito que se criou à sua volta. (Serén, 1996, p. 28)

Álvaro Siza, nascido em Matosinhos em 1933, começou sua carreira projetando um conjunto de casas para um capitão de barcos de pesca de sardinhas. Diversos dos seus primeiros trabalhos estão ligados à reorganização do Porto e áreas adjacentes e têm relação direta com os espaços da pesca, como é o caso da Piscina das Marés em Leça da Palmeira, cujo desenho incorpora um dispositivo inicialmente construído para criar lagostas (Ganshirt, 2004, p. 19). Em uma entrevista concedida a José Salgado em 1985, Siza evoca memórias da transformação da cidade, onde o vazio deixado pelas fábricas de conservas deu lugar a novos projetos urbanos estimulados pelo mercado imobiliário e financiados por fundos Europeus:

Matosinhos de há trinta, quarenta anos… As traineiras primitivas, os mestres iluminados, as obras do porto e os engenheiros, a capela de Santo Amaro em demolição, os mesmos personagens, todos os dias, nos portais de Brito Capelo, o mesmo padre, também o mesmo Presidente da Câmara, a Legião, a Mocidade Portuguesa obrigatória, a Defesa Civil do Território com papelinhos colados nas janelas, os Doutores, uma ou outra mulher que traía o marido, anglófilos e germanófilos, cinéfilos, banheiros, o volfrâmio e a massa de tomate. Beatas e pedintes no adro da Matriz, o vermelho do sacristão, Club de Leça, Orfeão, Casino, Constantino Nery, Tom Mix, Tambores de Fú-Manchú. Os que viviam no mar, ou a olhar o mar, e foram arrumados no Bairro dos Pescadores, à força, em casas cor de rosa, de beiral oriental.

As ilhas sobrehabitadas durante a campanha, depois abandonadas, as casas de penhores, marinheiros bêbados dos petroleiros, os incêndios dos depósitos da Mobil, junto à serração, os primeiros bares, casas de prostituição, Festas do Senhor de Matosinhos com arcos de papel e madeira,
«mulheres de fábrica», em bandos, a provocar cantando, também a Vinícola, armazém de operários e de doença. Esse Matosinhos desapareceu, transformado por si próprio, também para mim, pelos meus olhos. (Siza in Salgado, 1985, p. 135-136)

Para além das traineiras e do Bairro dos Pescadores, Siza não menciona os impactos no ambiente construído de Matosinhos ligados à pesca e às conservas. Ele não se refere, por exemplo, ao Mercado Municipal de Matosinhos, projetado nos anos 1930 pelo gabinete ARS Arquitectos e inaugurado em 1952, ou mesmo às fábricas de conserva projetadas por Januário Godinho (1910-1990) e António Varela (1902-1962). Para além dos desenhos de suas ruínas, algumas destas fábricas foram assinaladas como patrimônio a ser preservado no plano urbanístico coordenado por Siza nos anos 1990, sendo posteriormente convertidas em supermercados ou hotéis luxuosos. Outras foram simplesmente demolidas, sem deixar qualquer vestígio material desta atividade fundadora de mitos poderosos. Ao estabelecer parâmetros urbanísticos para a transformação que já estava ocorrendo em Matosinhos Sul, passando de zona industrial a subúrbio residencial, Siza consegue preservar alguns elementos que evocam o passado recente daquele território, como o caminho de pedestres sobre o traçado do antigo ramal ferroviário construído para fazer chegar a Leixões as pedras utilizadas na construção de seus diques de proteção. Outros testemunhos materiais deste importante capítulo da história de Matosinhos foram simplesmente apagados, como a moderna fábrica de conservas da Algarve Exportadora Limitada projetada por Varela, em cujo terreno se instalou um supermercado e uma lanchonete fast-food, filiais de conglomerados multinacionais.

Em Matosinhos, a história das fábricas de conservas revela um aspecto específico das muito mais amplas relações entre arquitetura e pesca, que se estendem das infraestruturas portuárias e bairros de habitação dos pescadores aos arranjos territoriais na terra e no mar que viabilizaram o desenvolvimento da atividade da pesca ao mesmo tempo que transformaram radicalmente a paisagem. A arquitetura das fábricas de conserva é só um destes aspectos, possivelmente o mais óbvio deles. Mesmo os dispositivos empregados como ferramentas de trabalho na atividade da pesca, como os barcos, podem ser analisados como elementos reveladores destas relações entre práticas culturais e ambiente construído, índices de uma etnografia em contínua transformação, como pretendeu fazer o arquiteto e professor Octávio Lixa Filgueiras (1922-1996), em constante diálogo com os antropólogos Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990), Fernando Galhano (1904-1995) e Benjamim Pereira (1928-2020).

…o barco não devia ser estudado apenas como um objeto técnico. Através dos seus materiais, das suas formas, da sua estrutura, do seu sistema de propulsão e direção, a sua compartimentação, cada barco também deve ser considerado como «um ator e uma testemunha», de acordo com a bela expressão de François Beaudouin, de uma história plural, a de um meio náutico marítimo, estuarino ou fluvial, de um litoral mas também a de um território ocupado por comunidades de marinheiros, pescadores, com as suas práticas sociais, culturais e religiosas específicas. (Rieth, 2013, p. 10)

Tipos arquitetônicos surgem em estreita relação com as variadas espécies marinhas onde existam peixes e pescadores, conectando as diversas margens do Atlântico em uma rede internacional de arranjos urbanos e expressões arquitetônicas, como também acontece no caso da pesca do bacalhau no norte da Noruega (Ellefsen e Lundevall, 2019). Estes processos são intimamente relacionados às dinâmicas econômicas e sociais mas também evidenciam as conexões entre a pesca, o processamento do pescado e suas expressões culturais, presentes em territórios costeiros decorrentes das especificidades da ecologia marinha. Para captar estas complexidades e sutilezas, a história da arquitetura dos territórios litorâneos deve levar em conta múltiplas escalas espaciais e temporais, além de coordenadas e conceitos oriundos de outros campos disciplinares. O caso das conservas de sardinhas mostra que a compreensão do ambiente, suas implicações e arquiteturas requer modelos de análise que integram múltiplas camadas de informação, vindas de disciplinas diversas como biologia marinha e ecologia, geografia, história política e cultural, economia e ciências sociais. Se quisermos reinventar as relações entre arquitetura e ambiente, tarefa que se torna cada vez mais urgente em função das alterações climáticas, precisamos repensar as estratégias e questões que caracterizam nosso campo disciplinar.

Notas finais

Ao analisar a história recente de um ponto particular da costa portuguesa, buscando inverter o olhar para observar as transformações no ambiente construído dos portos piscatórios a partir das dinâmicas do mar, conseguimos perceber as articulações entre fatores naturais e históricos, o que abre novas perspectivas acerca da história destas cidades e de suas arquiteturas. Trata-se de enquadrar manifestações das relações da arquitetura a partir das suas relações com a pesca ao mesmo tempo que pescar arquitetura, ou seja, entender as expressões deste campo disciplinar partindo das transformações ecológicas e ambientais implícitas nas atividades humanas.

Em Matosinhos conjugam-se elementos significativos da história política e econômica recente de Portugal com a transformação da arquitetura que se desenvolveu ali para acolher e expressar o poder econômico e simbólico das indústrias de conservas de peixe. Em torno do porto de Leixões, parece ter havido durante algumas décadas do século XX uma convergência entre modernização da indústria e transformações ecológicas e das dimensões espaciais da pesca, que se desdobrou em expressões singulares na arquitetura, precariamente abordadas pela historiografia. Se a produção de conservas de peixe se disseminou por vários pontos da costa portuguesa no início do século XX, durante o entreguerras ela constituiu um vetor fundamental de configuração da paisagem, dando origem a expressões urbanas coerentes com as transformações culturais e políticas. Podemos entender esses processos como expressões de uma “modernidade alternativa” de cariz nacionalista e corporativa característica da ontologia dos fascismos europeus. Depois do ocaso do regime, diminuída a intervenção do Estado no setor, as indústrias foram obrigadas a se reorganizarem em estruturas financeiras mais robustas ou, simplesmente, a fechar. Esse processo deu lugar a um vazio simbólico no tecido industrial instalado em Matosinhos Sul. Através da análise minuciosa do caso de Matosinhos, a partir de diferentes prismas, podemos tornar mais complexas as narrativas acerca da pesca, enquanto expressão de um projeto político e econômico ou da arquitetura, como manifestação cultural que emerge nos espaços de fricção entre sistemas humanos e naturais.

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